Jô">Existem diversos motivos pelos quais lanço este manifesto pelo cancelamento do Programa Do Jô. Entre eles estão Lost, 24 Horas, a queda na audiência e o próprio apresentador.
Sempre existiram ressalvas ao desempenho de Jô Soares no comando de um talk show. Ele fala mais que seus entrevistados, interrompe exposições e costuma fazer piadas inadequadas. No entanto, seu programa era uma razoável opção para o início da madrugada até há alguns anos.
Os primeiros sinais de desgaste surgiram em 2004, quando a Globo substituiu parte das reprises do Programa Do Jô durante as férias do apresentador. No lugar, a emissora começou a transmitir 24 Horas, série de sucesso na televisão norte-americana e na TV paga brasileira.
Os episódios com o turbulento dia na vida de Jack Bauer turbinaram a audiência do horário. Empolgada com o sucesso, a Globo manteve a estratégia nos anos posteriores e, em 2006, decidiu colocar mais um seriado em sua grade de programação durante as férias de Jô Soares. Após exibir a quarta temporada de 24 Horas, emendou a transmissão do ano de estréia de Lost.
Outros sinais do desgaste do Programa Do Jô aconteceram fora do período de férias do apresentador. Notícias sobre a queda de audiência da atração são cada vez mais frequentes na imprensa. Jô Soares já levou vergonhosos sustos no Ibope de Gilberto Barros e Tom Cavalcante.
A queda na audiência é perfeitamente compreensível. O Programa Do Jô parou no tempo. Se acomodou sobre o trono da emissora líder em audiência no país. Os convidados são cada vez mais desinteressantes. Recentemente, Jô Soares dedicou dois blocos para entrevistar um desconhecido que é sósia do Papa Bento XVI.
Entrevistar desconhecidos não é um problema, mas acaba comprometendo a atração quando uma série de erros são cometidos ao mesmo tempo. Primeiro, não se deve dedicar muito tempo a uma entrevista que não rende apenas para que a duração do programa seja cumprida.
Outro problema grave é o despreparo do entrevistador. Fica cada vez mais claro que Jô Soares, na maior parte do tempo, apenas lê as perguntas preparadas pela produção. Em alguns casos, a leitura é relapsa. Ele solta perguntas do tipo “e aí, me conta a história do periquito”. A questão é feita tão fora de um contexto que, além de quebrar a dinâmica da entrevista, não é raro pegar o entrevistado de surpresa: “periquito? que periquito?”.
O apresentador iniciou sua carreira como entrevistador em 1988, no SBT, com o Jô Soares Onze E Meia. Ele permaneceu na emissora de Silvio Santos até 1999, quando retornou para a Globo, onde já tinha feito programas humorísticos como Faça Humor, Não Faça A Guerra, Planeta Dos Homens e Viva O Gordo.
Letterman">Justificar a falta de agilidade do Programa Do Jô pelos longos anos em exibição não é algo aceitável. Nos Estados Unidos, programas como The Late Show With David Letterman e Tonight Show with Jay Leno têm quase a mesma duração da atração nacional. Mesmo assim, apresentam um fôlego muito, muito maior.
No lugar do Programa Do Jô a Globo poderia criar uma nova faixa de programas, que poderia misturar atrações internacionais - como 24 Horas, Lost e outros seriados - com nacionais. Que tal exibir Os Amadores, sucesso de crítica e público que espera há dois anos uma vaga na grade de programação? Ou musicais mais elaborados, como o novo Som Brasil? Até mesmo um novo talk show poderia ser desenvolvido, afinal louvo a estratégia da Globo de dar prioridade ao conteúdo nacional.
Seja qual for a opção, uma deveria ser certa: chegou a hora do fim do Programa Do Jô. Vocês concordam?